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The Nameless Blog

Já foi “Som das Letras” e um narcisista “Blogue da Paula”. Foi um prolongamento da eterna ínsula, tendo sido denominado como “Ilha Paula”. Hoje, é um blogue sem nome para que seja aquilo que sempre foi: um blogue sobre tudo e nada.

The Nameless Blog

Já foi “Som das Letras” e um narcisista “Blogue da Paula”. Foi um prolongamento da eterna ínsula, tendo sido denominado como “Ilha Paula”. Hoje, é um blogue sem nome para que seja aquilo que sempre foi: um blogue sobre tudo e nada.

Portugal: 12 points

Não vou ser hipócrita ao ponto de dizer que sempre acreditei que a canção dos manos Sobral seria a melhor canção para nos representar na Eurovisão. Achava, erradamente, que aquele festival era para musiquinhas pirosas, de inglês macarrónico, com homens musculados e gajas boas. Era esta a imagem que eu tinha da Eurovisão do novo milénio e a Eurovisão era realmente isto ... até ontem. 

 

Ontem, um miúdo estranho, fora da caixa,com uma voz extraordinariamente melódica, cantou um poema lindíssimo e tornou-se o mais recente vencedor deste festival e trouxe, pela primeira vez, o caneco em forma de microfone para Portugal.

 

Como dizia, não fui "team Salvador" nas eliminatórias em Portugal. Achava a músia gira, sim, mas não para festival. Contudo, desde que se sagrou vencedora e representante do nosso país, defendi-a seriamente. Fiz da minha página pessoal de Facebook uma verdadeira campanha para que os meus contacto fora de Portugal votassem nele. Nós, pela primeira vez na história, tínhamos fortes probabilidades de ganhar aquilo e com uma canção nada, mas nada festivaleira.

 

Deixei de assistir à Eurovisão em 1996. Curiosamente, este foi o ano que Lúcia Moniz nos representou e que, até ontem, tinha tido a melhor pontuação que Portugal alguma vez alcançou neste evento. Depois deste ano, com excepção da canção "Senhora do Mar", a nossa participação era medíocre, com canções pobres, tanto em termos líricos, como em termos melódicos. Uma verdadeira palhaçada.

 

Depois deste intervalo, regressei a seguir o festival, como seguia na década de 80 e 90, quando apareceu um homem de barba,vestido de mulher, com uma voz mágica e uma canção magnífica. O festival estava, realmente, a mudar e ainda bem que assim é.

 

Parabéns, Salvador Sobral.

Parabéns, Luísa Sobral (continuo a não gostar da rua maneira de cantar).

Parabéns, Portugal.

 

Obrigada, Europa.

 

Eurovisão, cá te esperamos no próximo ano!

 

 

Rise Like a Phoenix

Tão bom. Tão bom. Tão bom.


Julgo que o último ano que tinha assistido ao Festival Eurovisão da Canção foi no ano de 1996, salvo erro. Por razões várias, fui perdendo o interesse que vivi tão intensamente nos anos 80 e início dos anos 90. Dezoito anos passados, tive o convite de uns amigos para assistir ao espectáculo de luz, som, paz e de mensagens grandiosas que, antigamente, fazia parar os lares europeus.


Sinceramente, eu aceitei o convite por uma simples razão: na noite anterior da grande final, um amigo partilhou um vídeo na sua página do facebook da canção representante da Áustria e eu, assim que terminei de a ouvir, pensei que esta seria uma grande concorrente a vencedora. Durante a tarde, encontrei-me com estes amigos e eles foram dizendo que as coisas não estavam assim tão boas para a Áustria pois, apesar de tudo, a Europa ainda continua a ser um continente de mentes fechadas e que a participação de Conchita Wurst - o alter-ego de Thomas Neuwirth - estáva a ser seriamente criticada.


Criticada? Por que razão? Por ser um homem vestido de mulher com barba? E se Thomas Neuwirth tivesse optado por ir sem barba? Continuavam a criticar mesmo sabendo que ele é um homem vestido de mulher?


Graças a todos os santinhos, Thomas Neuwith ou Conchita Wurst (como preferirem) sagrou-se a grande vencedora da noite (eu prefiro chamar de Conchita, pois foi ela e não Thomas que esteve no palco). Não me canso de ouvir a canção que é de uma beleza musical extraordinária e de uma mensagem grandiosa, cantada por uma pessoa de uma fragilidade graciosa.


Isto não é para todos, meus amigos! Isto que a Conchita Wurst fez é só para homens de barba rija e que os tem bem no sítio!


It was about time to open our mind.


Festival RTP da Canção

Eu sou do tempo em que o país parava para assistir ao Festival RTP da Canção e, por conseguinte, ao Festival da Eurovisão. Venho de uma família que, nos idos anos 80 e 90, se sentava no sofá a assistir aos referidos programas e fazia a sua própria grelha de pontuação e discutia como uns verdadeiros jurados sobre as canções que se ouvia; venho de uma família que gravava a Eurovisão nas já lendárias cassetes VHS para poderem assistir vezes sem conta aquela festa de música.

 

Hoje, nenhum dos quatro membros da minha família assiste aos programas que colocavam o país com os olhos presos da caixa mágica.  Muito provavelmente, isto acontece porque há mais opções de escolha, tanto nos canais genéricos, como nos canais por cabo ou, talvez, seja pelo facto de tanto o Festival RTP da Canção como a Eurovisão já se tornou uma coisa tão mais política do que musical.

 

A propósito de hoje ter sido transmitido a semi-final do Festival RTP da Canção, recordei os serões passados no ninho e fui fazer uma pequena pesquisa sobre o evento.

 

O Festival RTP da Canção comemora este ano as suas bodas de ouro. Foi transmitido pela primeira vez no dia 02 de Fevereiro de 1964, para eleger a canção que representaria Portugal na Eurovisão (evento criado em 1956). Neste ano inaugural, a canção vencedora foi Oração, pela voz de António Calvário. Durante estes 50 anos, Portugal nunca ganhou o Festival da Eurovisão. A melhor pontuação alguma vez obtida foi em 1996, com a canção interpretada por Lúcia Moniz – O meu coração não tem cor. Outros lugares notáveis foram os oitavos de Dulce Pontes (merecia muito mais) e de Sara Tavares, os nonos de Tonicha e de Manuela Bravo e os décimos de Fernando Tordo e de Anabela. Destes 50 anos de Festival RTP da Canção herdamos grandes canções que ainda hoje fazem parte do nosso imaginário musical, mas herdamos igualmente alguns (muitos) falhanços.

 

Para recordar uns e outros, deixo-vos a lista dos vencedores:

1964 – Oração, António Calvário

1965 – Sol de Inverno, Simone de Oliveira

1966 – Ele e Ela, Madalena Iglesias

1967 – O Vento Mudou, Eduardo Nascimento

1968 – Verão, Carlos Mendes

1969 – Desfolhada, Simone de Oliveira

1970 – Onde Vais Rio que eu Canto, Sérgio Borges

1971 – Menina do Alto da Serra, Tonicha

1972 – Festa da Vida, Carlos Mendes

1973 – Tourada, Fernando Tordo

1974 – E depois do adeus, Paulo de Carvalho

1975 – Madrugada, Duarte Mendes

1976 – Flor de Verde Pinho, Carlos do Carmo

1977 – Portugal no Coração, Os amigos

1978 – Dai-li, Dai-li Dou, Gemini

1979 – Sobe, sobe, balão sobe, Manuela Bravo

1980 – Um grande, grande amor, José Cid

1981 – Playback, Carlos Paião

1982 – Bem Bom, Doce

1983 – Esta balada que te dou, Armando Gama

1984 – Silêncio e tanta gente, Maria Guinot

1985 – Penso em ti (eu sei), Adelaide Ferreira

1986 – Não sejas mau p’ra mim, Dora

1987 – Neste barco à vela, Duo Nevada

1988 – Voltarei, Dora

1989 – Conquistador, Da Vinci

1990 – Sempre (há sempre alguém), Nucha

1991 – Lusitana Paixão, Dulce Pontes

1992 – Amor d’água fresca, Dina

1993 – Cidade (Até ser dia), Anabela

1994 – Chamar a música, Sara Tavares

1995 – Baunilha e Chocolate, Tó Cruz

1996 – O meu coração não tem cor, Lúcia Moniz

1997 – Antes do adeus, Célia Lawson

1998 – Se eu te pudesse abraçar, Alma Lusa

1999 – Como tudo começou, Rui Bandeira

2000 – Sonhos mágicos, Liana

2001 – Só sei ser feliz assim, MTM

2003 – Deixa-me sonhar (só mais uma vez), Rita Guerra

2004 – Foi magia, Sofia Vitória

2005 – Amar, 2B

2006 – Coisas da Vida, Nonstop

2007 – Dança comigo (vem ser feliz), Sabrina

2008 – Senhora do Mar, Vânia Fernandes

2009 – Todas as ruas do amor, Flor-de-Lis

2010 – Há dias assim, Filipa Azevedo

2011 – A luta é alegria, Homens da Luta

2012 – Vida minha, Filipa Sousa

2014 – canção ainda por escolher

 

Para aqueles que seguiram esta cronologia musical, devem ter reparado que saltei os anos de 2002 e 2013. Nestes anos, Portugal não teve representação na Eurovisão. E, só por curiosidade, nos anos de 2004 e 2005, a canção que representou o nosso país neste festival europeu da canção não foi encontrado através do voto do público – em 2004, o representante foi encontrado através do concurso Operação Triunfo e, em 2005, foi escolhido através de uma comissão.

 

Escolher a minha canção preferida nestes 50 anos é quase uma missão impossível. Tenho muitas de que gosto – algumas do meu tempo e outras anteriores ao meu nascimento –, tenho outras que não suporto ouvir e, finalmente, existem outras que nunca deveriam ter sido transmitidas em directo na televisão.