Follow-Up
Não sou muito dada a estrangeirismo quando temos palavras correspondentes ao que queremos dizer na nossa língua-mãe, mas todos sabemos que muitas profissões estão viciadas nestes estrangeirismos e o “follow-up” é uma delas.
Trabalho no turismo desde 2004.
A minha formação é em Línguas e Literaturas Modernas, um curso com o nome cheio de moral, mas que não dá pão para comer e que me fez entrar numa área profissional que nunca esteve nos meus planos.
Trabalho no turismo desde 2004. Gosto do que faço e, ano após anos, vejo que a escolha feita em 2004 foi a mais acertada. Hoje tenho uma profissão que já me deu alguns dissabores, mas tenho uma carreira como certa e que me dá prazer.
Uma das funções do meu dia-a-dia é entrar em contacto com os clientes, via email, após ter enviado os orçamentos pedidos, a saber se o que foi enviado foi ao encontro do procurado e se ainda se mantêm interessados em fazer a reserva. Estes “follow-up’s” são feitos com uma certa distância a contar desde o dia do envio do orçamento, isto que é minha política não ser a típica vendedora chata que anda sempre nos calcanhares dos clientes. Eu sempre disse os meus clientes que não sou a vendedora típica … Dou o que eles pedem, mas se não acredito que o pretendido é bom, prefiro não dar. Com esta filosofia, ganhei a simpatia de alguns clientes que passaram a amigos e que, por mais empresas que eu passe, sei que eles me irão acompanhar.
Ontem foi dia de follow-up’s … muitos … mais do que as mães. Chegou uma altura que o email era feito na base do copy/paste e só mudava o cabeçalho com a saudação de “bom dia / boa tarde”.
De todos estes follow-up’s feitos, obtive três respostas e todas a informarem que tinham adjudicado para outra empresa, ou seja, algo que é perfeitamente normal. O que não acho nada normal é as pessoas não terem o cuidado de enviar email ou contactarem a informarem que adjudicaram noutro lugar. Custa muito? Se têm tempo de nos ligarem infinitamente até terem o orçamento porque razão não ligam para dizer que já não estão interessados? Um deles até teve a audácia de dizer que fez reserva directamente com a companhia de aviação porque ficava mais em conta (nada de novo, mais uma vez *), mas não deixou de me pedir informações do que seria necessário a nível de documentação para viajar para o sítio onde ele irá.
O que fariam? Respondiam ou ignoravam, pelo menos por algum tempo, tal como ele ignorou o vosso email?
(*) De uns anos a esta parte, as comissões de passagens aéreas diminuiram drasticamente. Muitas companhias aéreas não dão qualquer comissão às agências de viagens; outras dão 1% ou até menos e, raras são as que dão mais do que 1%. Por este motivo, as agências de viagens sentiram a necessidade de colocar uma taxa de emissão, a qual deverá estar em local visível na agência, para que o cliente tenha conhecimento da sua existência.
O outro dia, uma cliente perguntou-me onde ficaria mais barato comprar voo e eu respondi que seria na companhia aérea porque, mesmo havendo taxa de emissão, nunca seria o mesmo valor da minha taxa de emissão. A cliente agradeceu a sinceridade e comprou o voo a mim, mesmo sabendo que pagou mais por isso. E porque razão ela fez isto? Porque sentiu segurança da nossa parte e por saber que, se estiver no destino e tiver de entrar em contacto com alguém, será muito mais fácil e rápido entrar em contacto connosco do que entrar em contacto com a companhia aérea.