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The Nameless Blog

Já foi “Som das Letras” e um narcisista “Blogue da Paula”. Foi um prolongamento da eterna ínsula, tendo sido denominado como “Ilha Paula”. Hoje, é um blogue sem nome para que seja aquilo que sempre foi: um blogue sobre tudo e nada.

The Nameless Blog

Já foi “Som das Letras” e um narcisista “Blogue da Paula”. Foi um prolongamento da eterna ínsula, tendo sido denominado como “Ilha Paula”. Hoje, é um blogue sem nome para que seja aquilo que sempre foi: um blogue sobre tudo e nada.

Serás Ilha

Sabes onde a mãe está, filho?

Estou na Ilha. Num pedaço de terra rodeado de mar por todos os lados, como um dia aprenderás na escola. 

Foi nesse pedaço de terra que a mãe nasceu e viveu até aos seus vinte e oito anos, altura que decidiu partir para se aninhar nos braços do pai, mas é nesse pedaço de terra que a mãe se sente verdadeiramente protegida. 

 

Embora esteja previsto nasceres no continente, essa Ilha também será tua. Serás açoreano não por nascimento, mas pelo meu sangue que te corre nas veias. Criarás laços umbilicais com esse pedaço de rocha negra, onde o verde é mais intenso e esperançoso e o mar é mais azul e profundo. Serás ilhéu por parte de mãe  e irás aprender o que são esses nove pontos espalhados pelo Atlântico. Saberás e sentirás o que um ilhéu sente quando está cá dentro e também como se sente quando está fora dela. Serás ilhéu não por nascimento mas por sangue e sentirás que nas tuas veias correm também o mesmo basalto negro que corre nas minhas. Conhecerás os locais onde a mãe viveu, cresceu, amou, riu e chorou. Banhar-te-ás nessas águase não irás estranhar o facto da areia ser negra. Saberás que é normal o dia acordar primaveril e, repentinamente, iniciar uma chuva miúda que depressa se poderá transformar num dilúvio de dias. Acharás tudo normal porque serás ilhéu e amarás essa rocha tal como a mãe ama. Aprenderás a fazer tapetes de flores nos dias de festa. Saberás ouvir a terra, o pulsar do vulcão que vive debaixo dos nossos pés. Para ti não será estranho veres cozinhar num buraco feito no chão e aprenderás que o cheiro a enxofre abre o apetite. Para ti, o verde, o azul e o negro acompanhar-te-ão no teu crescimento e saberás o que é ser ilhéu sem teres aqui nascido. Pedirás a benção aos teus avós; irás crescer de mãos dadas com a natureza; conhecerás os segredos da terra e serás um dos nossos já que terás a Ilha em ti.

 

 

escrito na Ilha, a 29 dee Março de 2016, na esplanada da Baía dos Anjos, numa tarde gélida, mas cheia

O motivo da longa ausência

Em quase dez anos de ausência da Ilha, nunca deixei de pernoitar em casa dos pais. Sempre, em todas as pontes aéreas feitas nessa década, o anexo esperava por nós para nos dar guarida nos parcos dias que dedicávamos a descansar na ínsula mãe.

Desta vez a coisa foi diferente. Os primeiros dias, que coincidiram com o fim-de-semana das celebrações pascais, foram passados no casulo do berço, num estado de uma necessária clausura de três dias, interrompida pelas visitas a familiares e alguns amigos. Os seguintes, contudo, foram passados numa das já muitas unidades hoteleiras da cidade de Ponta Delgada, já que o marido lá tinha de estar instalado por razões profissionais.

Num quarto com vista para o imenso mar, assim foram passados os últimos dias de mais uma viagem à minha terra, a recuperar forças para mais um mês de trabalho.

Sem computador e apenas com o telemóvel, muni-me do bloco de notas e da esferográfica para apontar os meus estados de alma daqueles dias e, serão esses devaneios que serão relatos por aqui nos próximos dias, intercalados, claro, com outras publicações que aparecerão quando for a altura certa. 

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