Depois de duas semanas dos assassinatos na redação do jornal satírico francês Charlie Hedbo, consegui o exemplar da edição histórica e que fez muitos franceses madrugarem à porta das bancas para conseguirem o seu.
Eu consegui o meu e não tive de madrugar. Se bem que, para um sábado, a hora que sai de casa era a beirar a madrugada (10h00). Mas, como queria aproveitar as boas condições meteorológicas que diziam que se iam sentir durante o dia de hoje, consegui sair do vale dos lençóis a horas decentes e meti-me a caminho de uma das minhas actividades favoritas - Lisboristar (uma palavra que inventei neste preciso momento e que significa, pelo menos na minha cabeça, fazer turismo por Lisboa).
Quando esta edição histórica saiu, pensei que nunca conseguiria ter um exemplar para mim. É verdade que poderia ter ido em busca de um pelas milhentas bancas de jornais da capital mas nunca na vida que filha de minha mãe e de meu pai se metia ao frio e à chuva em busca de um jornal - seja ele qual for -, por isso foi com demasiada surpresa que, ao passar pelo Rossio, olhei para os jornais expostos na Tabacaria Mónaco e vi que ainda tinham exemplares de Charlie Hebdo. Entrei timidamente e perguntei se os jornais ainda faziam parte das reservas, ao que o dono da Tabacaria negou. Ao que parece, duas semanas depois da morte dos jornalistas, do polícia e dos anónimos que padeceram num supermercado judeu de Paris, a busca por um exemplar terminou e a hastag #jesuischarlie passou.