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The Nameless Blog

Já foi “Som das Letras” e um narcisista “Blogue da Paula”. Foi um prolongamento da eterna ínsula, tendo sido denominado como “Ilha Paula”. Hoje, é um blogue sem nome para que seja aquilo que sempre foi: um blogue sobre tudo e nada.

The Nameless Blog

Já foi “Som das Letras” e um narcisista “Blogue da Paula”. Foi um prolongamento da eterna ínsula, tendo sido denominado como “Ilha Paula”. Hoje, é um blogue sem nome para que seja aquilo que sempre foi: um blogue sobre tudo e nada.

A caminho de casa ...

Este texto é dedicado a todas as pessoas que, como eu, andam diariamente em transportes públicos para fazer a sua vida.

 

Situação Número 1

Se há coisa de mexe comigo são crianças malcriadas.

Ontem, a caminho de casa, entra uma família na estação de metro do Jardim Zoológico e, azar dos azares, sentam-se ao meu lado.

Vamos ao diálogo daquelas alminhas:

- Então, fulano de tal, qual o animal que gostasteS mais?

- EU JÁ DISSE QUE GOSTEI DE TODOS. NÃO VOU REPETIR OUTRA VEZ!!!!!

- Então diz-me qual o que gostasteS menos.

- DE NENHUM! CHATA!!!

 

E eu caladinha, a revirar os olhos (ainda bem que sou daquelas pessoas que andam de óculos escuros dentro do metro – os meus olhos são tão sinceros) e a tentar concentrar-me na minha leitura. Coisa completamente impossível, podemos dizer.

Depois das perguntas, o malcriadão do puto meteu-se a brincar com os seus carrinhos e pouco faltou para se sentar no meu colo e as alminhas dos adultos que o acompanhavam nada diziam.

Bem, só tenho uma coisa a dizer: pelo menos só se estraga uma casa!

 

Situação Número 2

Não é suposto a maioria dos lisboetas irem de férias em Agosto?

Como nunca tiro férias neste mês, adoro andar por Lisboa em Agosto. É tudo tão mais calmo, sem filas e com um número aceitável de pessoas nos transportes.

Pelos vistos, este ano é a excepção à regra. O metro anda a abarrotar de gente e, na maior parte das vezes, com o ar condicionado desligado.

E o cheiro a pó de talco numa tentativa frustrada de camuflar os odores corporais.

Água e sabão é o suficiente. Já ouviram falar?

 

Situação Número 3

Há um senhor que vende cautelas de lotaria à saída do metro do Campo Grande e é incrível o azar (ou sorte, sei lá) do homem.

Não é que sempre que passo por ele, o senhor só tem dois números para vender? O 13 e o 69.

Sinceramente, não sei qual o fascínio por estes 2 números.

Hoje, ao que parece, o senhor finalmente conseguiu vender o 13 e o 69, visto que, quando passei por lá, ele apregoava que era para amanhã, que havia dias de sorte e que era o 49 e o 71.

Progressos, digo eu.

 

Andar de transportes públicos é hilariante. Uma aventura e uma história nova para contar todos os dias.

Eu juro que não sou má pessoa. Posso até ter esta cara de poucos amigos, mas sou uma pessoa bastante querida e sociável. Mas há coisas que mexem comigo.

Cenas de um casamento #4

Ontem, foi a primeira vez que experimentei o meu vestido de noiva desde a sua encomenda feita em Maio passado e não podia ter sido pior!

 

Quando cheguei, a loja parecia estar à beira do Apocalipse. Por momentos pensei que havia um batalhão de noivas aos gritos e pelos cabelos a ultimarem as emendas, bainhas e afins mas afinal não era nada disto. A única cliente era uma senhora que queria comprar um vestido de noite!!! Então qual a razão daquilo estar como se fosse o fim do mundo? Querem saber? Uma das funcionárias estava de férias!!!

 

Fazendo parte de um segmento económico que tem o seu pico de vendas no verão, julguei que nas casas associadas aos casamentos o raciocínio fosse o mesmo, ou seja, que ninguém poderia tirar férias no verão visto que a maioria dos casamentos acontece nestes meses. Pelos vistos não é bem assim.

 

Vamos lá ver a minha aventura!

 

Diz que o meu vestido veio de Espanha mas, tendo em conta o tempo entre a encomenda e a recepção, mais parecia que tinha vindo da China.

Lá foram buscar o meu vestido às catacumbas e começou a loucura! A senhora que me atendeu lá veio com o vestido pela mão, toda contente, a dizer que tinha sido pedido para o meu corpo. Eu partilhei da sua felicidade, já que não me apetece nada estar este último mês antes do casamento a ir constantemente às provas.

A felicidade foi temporária. O fecho das costas do vestido não passava do meio!!!

Eu juro que não engordei e também juro que não emagreci. Estou exactamente igual ao que estava há 3 meses atrás.

 

 

Comecei a transpirar como estivesse a entrar na menopausa. Ligam o ar condicionado e eu continuo a transpirar.

Chamam a costureira que vem a arrastar os pés e com cara de poucos amigos. Ela vem e começa a olhar para o vestido.

- Vamos ter de alargar o vestido. Você engordou?

- Não! – respondo eu

- Trouxe os sapatos que vai usar com o vestido?

- Não. Mas os que vou usar serão tão baixos como estes que estou a usar neste momento.

 

Cara feia do lado da costureira.

 

- E soutien? Já tem?

- Como o vestido tem caixa não há necessidade de ter soutien especial. Até posso ir sem soutien.

 

Cara feia novamente.

A senhora começa a ver que comigo não vai ganhar dinheiro extra.

- Ah! Vai ser preciso alargar o vestido. Para quando é o casamento?

- 21 de Setembro. Mas preciso do vestido até 12 de Setembro, visto que me vou ausentar a partir desta data. O casamento é nos Açores e preciso ir mais cedo para lá.

 

Cara feia novamente.

 

- Olhe! Vamos fazer as alterações ao vestido e vai ter de vir cá a 26 de Agosto. Não vou ser eu a atendê-la. Nesta altura vou estar de férias, mas a minha colega termina consigo e depois vem buscar o vestido uma semana antes de ir para os Açores.

 

Ok! Eis a explicação do arrasto de pés e da constante cara feia.

A senhora está a trabalhar mas já está com a cabeça nas férias!!!

 

Passado a questão do vestido, passamos para o acessório do cabelo. Lá foi a senhora às catacumbas e vem com as mãos a abanar.

 

- Não encontrei nada! – diz ela com ar assustado.

- Procuraste bem? Viste junto ao véu? – diz a costureira

- Eu não vou levar véu! – digo eu

 

Cara feia por parte da costureira.

 

- Mas vai lá ver melhor, fulana de tal. Se calhar está junto do véu!

- Mas eu não vou levar véu!!! Vou levar apenas um acessório no cabelo com um véu a cobrir a cara.

 

Moral da história: o acessório não apareceu e ninguém sabia de nada. A funcionária que está de férias foi quem me atendeu nas outras vezes e, pelos vistos, não colocou de parte o acessório tal como tinha ficado acordado.

 

Vem a dona da loja toda agitada e começa a dar catálogos à outra funcionária com outros acessórios para o cabelo.

 

- Paula, veja se encontra algum que lhe agrade.

- Senhora fulana de tal, eu até podia encontrar algo maravilhoso mas quero aquele que encomendei e não se fala mais no assunto.

 

E eu continuava a suar em bica enquanto elas tentavam descalçar a bota.

 

- Mas não tem nenhum que goste? – pergunta a costureira

 

Silêncio.

 

- A senhora diz que não gosta de nenhum. – responde a funcionária.

 

Às tantas, cansada de estar a transpirar, pergunto se posso tirar o vestido. Já estávamos naquilo há demasiado tempo.

 

- Senhora Paula, a minha colega regressa de férias na próxima semana e vou ver com ela o que se passou com o seu acessório. Não se preocupe. Nós tratamos de tudo

 

Tratam, tratam. Eu vou é já ver noutras lojas se arranjo um acessório similar e vocês vão ficar a arder. E se não tivesse já sinalizado o vestido, vocês ficavam penduradas.

 

Com a cara mais feia e séria que posso ter disse então que ficava a aguardar que me informassem de tudo no início da próxima semana.

 

Estava tudo a correr tão bem. Eu andava tão calma e estas gajas conseguiram estragar tudo.

 

 

Por respeito (ainda tenho) para com a loja em questão e as suas funcionárias, os nomes são serão divulgados.