Ontem, foi a primeira vez que experimentei o meu vestido de noiva desde a sua encomenda feita em Maio passado e não podia ter sido pior!
Quando cheguei, a loja parecia estar à beira do Apocalipse. Por momentos pensei que havia um batalhão de noivas aos gritos e pelos cabelos a ultimarem as emendas, bainhas e afins mas afinal não era nada disto. A única cliente era uma senhora que queria comprar um vestido de noite!!! Então qual a razão daquilo estar como se fosse o fim do mundo? Querem saber? Uma das funcionárias estava de férias!!!
Fazendo parte de um segmento económico que tem o seu pico de vendas no verão, julguei que nas casas associadas aos casamentos o raciocínio fosse o mesmo, ou seja, que ninguém poderia tirar férias no verão visto que a maioria dos casamentos acontece nestes meses. Pelos vistos não é bem assim.
Vamos lá ver a minha aventura!
Diz que o meu vestido veio de Espanha mas, tendo em conta o tempo entre a encomenda e a recepção, mais parecia que tinha vindo da China.
Lá foram buscar o meu vestido às catacumbas e começou a loucura! A senhora que me atendeu lá veio com o vestido pela mão, toda contente, a dizer que tinha sido pedido para o meu corpo. Eu partilhei da sua felicidade, já que não me apetece nada estar este último mês antes do casamento a ir constantemente às provas.
A felicidade foi temporária. O fecho das costas do vestido não passava do meio!!!
Eu juro que não engordei e também juro que não emagreci. Estou exactamente igual ao que estava há 3 meses atrás.
Comecei a transpirar como estivesse a entrar na menopausa. Ligam o ar condicionado e eu continuo a transpirar.
Chamam a costureira que vem a arrastar os pés e com cara de poucos amigos. Ela vem e começa a olhar para o vestido.
- Vamos ter de alargar o vestido. Você engordou?
- Não! – respondo eu
- Trouxe os sapatos que vai usar com o vestido?
- Não. Mas os que vou usar serão tão baixos como estes que estou a usar neste momento.
Cara feia do lado da costureira.
- E soutien? Já tem?
- Como o vestido tem caixa não há necessidade de ter soutien especial. Até posso ir sem soutien.
Cara feia novamente.
A senhora começa a ver que comigo não vai ganhar dinheiro extra.
- Ah! Vai ser preciso alargar o vestido. Para quando é o casamento?
- 21 de Setembro. Mas preciso do vestido até 12 de Setembro, visto que me vou ausentar a partir desta data. O casamento é nos Açores e preciso ir mais cedo para lá.
Cara feia novamente.
- Olhe! Vamos fazer as alterações ao vestido e vai ter de vir cá a 26 de Agosto. Não vou ser eu a atendê-la. Nesta altura vou estar de férias, mas a minha colega termina consigo e depois vem buscar o vestido uma semana antes de ir para os Açores.
Ok! Eis a explicação do arrasto de pés e da constante cara feia.
A senhora está a trabalhar mas já está com a cabeça nas férias!!!
Passado a questão do vestido, passamos para o acessório do cabelo. Lá foi a senhora às catacumbas e vem com as mãos a abanar.
- Não encontrei nada! – diz ela com ar assustado.
- Procuraste bem? Viste junto ao véu? – diz a costureira
- Eu não vou levar véu! – digo eu
Cara feia por parte da costureira.
- Mas vai lá ver melhor, fulana de tal. Se calhar está junto do véu!
- Mas eu não vou levar véu!!! Vou levar apenas um acessório no cabelo com um véu a cobrir a cara.
Moral da história: o acessório não apareceu e ninguém sabia de nada. A funcionária que está de férias foi quem me atendeu nas outras vezes e, pelos vistos, não colocou de parte o acessório tal como tinha ficado acordado.
Vem a dona da loja toda agitada e começa a dar catálogos à outra funcionária com outros acessórios para o cabelo.
- Paula, veja se encontra algum que lhe agrade.
- Senhora fulana de tal, eu até podia encontrar algo maravilhoso mas quero aquele que encomendei e não se fala mais no assunto.
E eu continuava a suar em bica enquanto elas tentavam descalçar a bota.
- Mas não tem nenhum que goste? – pergunta a costureira
Silêncio.
- A senhora diz que não gosta de nenhum. – responde a funcionária.
Às tantas, cansada de estar a transpirar, pergunto se posso tirar o vestido. Já estávamos naquilo há demasiado tempo.
- Senhora Paula, a minha colega regressa de férias na próxima semana e vou ver com ela o que se passou com o seu acessório. Não se preocupe. Nós tratamos de tudo
Tratam, tratam. Eu vou é já ver noutras lojas se arranjo um acessório similar e vocês vão ficar a arder. E se não tivesse já sinalizado o vestido, vocês ficavam penduradas.
Com a cara mais feia e séria que posso ter disse então que ficava a aguardar que me informassem de tudo no início da próxima semana.
Estava tudo a correr tão bem. Eu andava tão calma e estas gajas conseguiram estragar tudo.
Por respeito (ainda tenho) para com a loja em questão e as suas funcionárias, os nomes são serão divulgados.