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The Nameless Blog

Já foi “Som das Letras” e um narcisista “Blogue da Paula”. Foi um prolongamento da eterna ínsula, tendo sido denominado como “Ilha Paula”. Hoje, é um blogue sem nome para que seja aquilo que sempre foi: um blogue sobre tudo e nada.

The Nameless Blog

Já foi “Som das Letras” e um narcisista “Blogue da Paula”. Foi um prolongamento da eterna ínsula, tendo sido denominado como “Ilha Paula”. Hoje, é um blogue sem nome para que seja aquilo que sempre foi: um blogue sobre tudo e nada.

A confusão que vai naquelas cabeças

Estava a saltar de blog em blog, para ver se encontrava artigos interessantes e deparei-me com um que está em destaque no meu blog.


É um blog criado pelos alunos da Licenciatura "Comunicação Social e Cultura", da Universidade dos Açores, Pólo de Ponta Delgada.


O blog é muito interessante e vale a pena lá ir - www.comunicaçãosocialecultura.blogspot.com


 


Num dos post, os alunos dão a conhecer um artigo que fala das tradições portuguesas e, só posso dizer uma coisa: que confusão ia na cabaça da alminha que escrever aquele artigo. Apenas posso comentar acerca da parte que conheço, ou seja, das tradições açoreanas. O homem beb, só pode.


 


Vou-me dar ao trabalho de transcrever o que ele fala a meio do seu artigo.


E passo a citar:


 


4- Festa do Senhor Santo Cristo dos Milagres
"Em julho, a pequena ilha de São Miguel nos Açores é inundada por exilados (a maioria vivendo nos EUA) que voltam ao país para a tradicional festa do Santo Cristo dos Milagres. Uma série de festejos – repletos de bandeiras coloridas e luzes nas ruas, música, danças, e folguedos – tem lugar em todos os vilarejos durante o mês todo. Mas toda a loucura não ofusca o significado espiritual da festa: uma missão religiosa onde os ricos dão alimento aos pobres. Peregrinos viajam a pé por toda a ilha e espalham a boa notícia de que estão distribuindo alimento nas cidades. Toda e qualquer capela serve uma rica sopa de carne a todos que levam uma vasilha. Durante o festival você pode comer à vontade o cozido das furnas, um delicioso guisado de carne e legumes que inclui chouriço, repolho, cenoura, e centenas de outros ingredientes cozidos sobre uma fresta de calor vulcânico. E não se esqueça do vinho".


 


Mas que confusão, meu senhor!


 


Os Açores não ficam inundados de exilados, mas sim de emigrantes que partiram para os Estados Unidos da América, Canadá e Bermuda, à procura de uma vida melhor. A inundação é tal que não são só os exilados das Américas que enchem a ilha de São Miguel. Felizmente, os exilados estendem-se a turistas de vários pontos do mundo que, graças a Deus, têm mais algum conhecimento do que quem escreveu este artigo.


O que "ele" explica ser as Festas do santo Cristo são as Festas do Espírito Santo que, de ilha para ilha, têm uma forma diferente de ser celebrada. "Os ricos dão de comer aos pobres." - é também do Espírito Santo e está na origem desta celebração. Hoje em dia não são bem os ricos que dão de comer aos pobres, mas quem tem bom coração e não vê diplomas, nem carteiras vazias e/ou recheadas e apenas olha ao bem do seu próximo.


 


"Peregrinos viajam a pé por toda a ilha e espalham a boa notícia de que estão distribuindo alimento nas cidades." - Os peregrinos que "ele" deve estar a falar são os Romeiros, outra das muitas tradições micaelenses (e não açoreanas). Eu não me vou alongar muito acerca dos Romeiros porque este é um tema que só por si merece um post.



"Durante o festival você pode comer à vontade o cozido das furnas ..." Oh meus amigos, em qualquer altura do ano podem comer o Cozido das Furnas à vontade! Podem optar por ir a qualquer restaurante desta freguesia ou podem juntar um grupo de amigos e cozinharem vocês próprios.



Eu tinha que desabafar!


Eu não escrevo daquilo que não sei.


Para fazer figura de urso, mais me vale estar calada!



Para ver se foi apenas nas tradições dos Açores que o tipo errou ou se foram em todas as que ele menciona no seu artigo, podem dar um saltinho a http://nationalgeographic.abril.com.br/regugios/0209/index.html




Parabéns aos alunos de Comunicação Social que estão muito atentos.



"Cenários Conjugais"

Já comecei a leitura da minha última oferta - A Noite dos Prodígios e outras histórias - e estou a adorar.

O livro é composto por uma compilação de contos que o jornalista/escritor Carlos Tomé publicou na revista "Açores" e que tratam dos mais variados assuntos .. todos com um toque de ironia e com uma leveza magnífica.


De todos os que li até ao momento, houve um que me despertou à atenção e que achei que seria giro partilhar com os meus leitores (se eles existirem).


O conto chama-se Cenários Conjugais e passo a citar:


 


"- Meu amor, e se nos casássemos?


- É  primeira vez que falas em casamento, querido!


- Pois é. Mas vivemos juntos há já cinco anos. Talvez esteja na hora de oficializarmos a nossa relação.


- Que romantismo aé vai...


- Desculpa, querida. Estou a tentar ser prático.


- Bem me parecia...


- É que, bem vistas as coisas, temos estado a perder muito dinheiro. Casados, beneficiaremos de um regime de impostos mais favorável, obteremos uma taxa de juro mais baixa no empréstimo para a compra do apartamento e teremos uma série de outras vantagens.


- Uma delas é a de voltarmos a ser convidados para as festas da minha madrinha...


- A velha ficou brava quando descobriu que já não eramos apenas namorados.


- Acho que ficou escandalizada por lhe teres aparecido nú...


- E quem a mandou bater à tua porta às dez da madrugada?!


- Chamou-nos pecadores, libidinosos, escravos da luxúria...


- Depois de casados, volta a aceitar-nos. Ela gosta de nós, acha piada ao modo como lidamos com as intrigas da família. Esquece isso, querida. O problema vai ser o eclodir cíclico das crises...


- Que crises?


- Ora, as crises que todos os casais atravessam. Primeiro, a perda da privacidade de cada um: já não estamos sós em casa, já não podemos estar à vontade na casa de banho, de porta aberta, e já não é admissível dar um fofó, chupar os dentes ou tirar macacos do nariz na frente do outro.


- Mas, querido, isso já nós ultrapassamos!


- Não sei, não sei. Casados, é diferente. E, depois, vem a crise da conquista de espaço...


- Isso é com os americanos, não?


- Conquista de espaço, amorzinho. Cada um vai lutar pelo seu cantinho, pela sia zona exclusiva. À mesa, no sofá da sala e, até, na cama, cada um de nós vai procurar uma espécie de reserva, de zona protegida, onde possa estar em paz, comendo, lendo, vendo televisão ou, simplesmente, pensando. Tudo num abençoado silêncio.


- Acho que exageras. Sempre respeitei os teus espaços. Físicos e espirituais...


- Quero ver, depois de casarmos. E que me dizes aos filhos, querida?


- Não temos nenhum!


- Mas vamos ter, não vamos? Aí, vão surgir as discussões  sobre a quem compete ir, em determinada noite, pôr a chucha na boca do bebé, mudar fraldas malcheirosas, dar-lhe o leitinho...


- Isso de mamada não é contigo!


- E o biverão, quando for mais crescidinho? E a educação a dar-lhe? E as nossas divergências sobre recompensas e castgos? E o que dizer-lhe acerca do sexo?


- Onde já vais, querido!


- E haverá o "stress" laboral, a juntar  a esses problemas familiares. Tudo junto, vai provocar mossa no nosso relacionamento, afectar a nossa vida sexual.


- Achas, querido?


- Tenho a certeza! Iremos ficar reduzidos a uma vez por semana, talvez aos sábados...


- E os feriados? Nem nos feriados?!


- Só aos sábados, meu amor. E, ainda assim, quandonão te doer a cabeça ou eu não adormecer nos preliminares...


- Estás a meter-me medo, querido.


- E ainda não te falei da pior crise, o verdadeiro terror: a crise dos sete anos!


- Como assim?


- Dizem os especialistas que, por volta do sétimo ano de casamento, os casais enfretam a sua pior crise. O amor estáe, estilhaços e a fogueira da paixão reduzida a cinzas. Só o sexo continua aos sábados. De três em três meses...


- Que horror!


- Pois é. Tudo praticamente destruído. E vem o divórcio.


- Litigioso?


- Claro! Mais até do que o litigioso. Sangrento! Depois de sete anos de vida em comum, sabes lá quantos segredos, quantos pormenores escabrosos, quantos pequenos podres há para serem revelados na praça pública. Tarado, chulezeiro, maricão, frígida, burra, lésbica, vale tudo!


- Não digas mais, querido. Assustas-me.


- Então não falo da guerra das partilhas. Terrorismo puro, podes crer! cada "bibelot", cada botãozinho, cada insignificância é disputada ferozmente, quase à chapada. Até restos de sabonete, na casa de banho!


- O nosso divórcio ... quer dizer, se tivermos essa crise dos sete anos, não vai ser litigioso, pois não?


- Que ideia, lindinha! Separar-nos-emos como dois grandes amigos!


- Só insistirei em levar a colecção de CD's do Dizzie Gillespie. Tu nem gostas muito dele...


- De acordo, desde que fique com os livros do Astérix.


- Combinado, querido.


- Casamo-nos quando, meu amor?"


 


 


Se leram até ao final, o que acharam?


Eu achei hilariante!!!!


O que um possível pedido de casamento deu para falar !


 



 


 


 


 

A Noite dos Prodígios e outras histórias, Carlos Tomé

Estou feliz!


Hoje ao chegar a casa estava um envelope endereçado a mim cujo remetende era o Carlos Tomé - um escritor açoriano que descobriu o meu blog quando estava a fazer uma pesquisa na net acerca do seu último romance Morremos Amanhã.


O sr Carlos Tomé deu-me a honra de receber um mail dele a agradecer o que tinha escrito sobre ele, prometendo enviar-me um exemplar de outro romance dele, autografado.


Não vejo a hora de começar a ler!


Como a literatura açorena não é tão divulgada aqui no continente, como deveria de ser, tentarei, dentro das minhas possibilidades, tentar fazer deste blog uma divulgação da boa literatura que escreve naquelas ilhas.


O sr Carlos Tomé já teve honras de aparecer citado na revista Os Meus Livros (n.º 61, ano 6, Março 2008), num artigo acerca das obras literárias que falam da guerra do Ultramar - um tema que, cada vez mais, está a ser divulgado por grandes nomes da literatura.


Neste artigo podemos ler: "Dos fantasmas de quem voltou, fala (...) o açoreano Carlos Tomé, no seu romance Morreremos Amanhã (Artes e Letras). O protagonista deste livro é um continental que vai aos Açores onde encontra um antigo camarada da guerra micaelense. Os dois conversam sobre o passado, abrindo uma porta a memórias que até então tinham permanecido submersas, proibidas.".


 


Lamento dizer que a Os Meus Livros errou!


 


Se quisermos fazer um resumo do Morremos Amanhã, o acima tranascrito não será o mais correcto.


 


O protagonista é um continental que volta aos Açores após quase 30 anos depois de regressar da guerra, por motivos profissionais e esta viagem faz com que se recorde do tempo passado em guerra, dos seus companheiros, das aventuras mas, principalmente de Rui - um açoreano, camarada de guerra, que morreu numa das muitas mortes estúpidas de guerra. No bolso Tozé (o protagonista) guardou uma carta que lhe queimava o bolso mas, agora nos Açores, esta carta deveria finalmente chegar aos mãos de quem por direito.


 


Morremos Amanhã é dedicado a "quantos se viram em África, perdidos de si próprios, de armas nas mãos."


 


Proponho a lerem o meu post de 26 de Novembro de 2007. Foi este post que me fez receber um livro

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