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The Nameless Blog

Já foi “Som das Letras” e um narcisista “Blogue da Paula”. Foi um prolongamento da eterna ínsula, tendo sido denominado como “Ilha Paula”. Hoje, é um blogue sem nome para que seja aquilo que sempre foi: um blogue sobre tudo e nada.

The Nameless Blog

Já foi “Som das Letras” e um narcisista “Blogue da Paula”. Foi um prolongamento da eterna ínsula, tendo sido denominado como “Ilha Paula”. Hoje, é um blogue sem nome para que seja aquilo que sempre foi: um blogue sobre tudo e nada.

Morremos Amanhã, Carlos Tomé



Morremos Amanhã, é uma obra do jornalista e escritor açoriano Carlos Tomé.
É mais uma sugestão de leitura que deixo às alminhas que aparecem neste blog.
Este livro foi-me apresentando por uma cliente minha, a D. Maria Rita (uma senhora de uma cultura invejável)e, depois do pequeno resumo que ela me fez, procurei o livro e comprei-o.
Valeu cada cêntimo!
Morremos Amanhã, de Carlos Tomé, é dedicado, como o próprio escritor diz "a quantos se viram em África, perdidos de si próprios, de armas nas mãos."Resumindo: relata a vida na guerra do Ultramar e as cicatrizes físicas e, acima de tudo, psicológicas, que os soldados trouxeram.
Na apresentação do livro, Daniel de Sá diz "Quando acaba a guerra? Quando morre o último soldado ou quando é assinado o tratado de paz? ... Quando saram as derradeiras feridas ou quando os cegos se adaptam à escuridão e os amputados às próteses? ... Quando se esquece o amigo que se viu morrer ou quando vai a enterrar a mãe que o terá amamentado? ... Quando, finalmente, se cumpre um desejo do irmão de armas que não voltou? ... Ou quando falecem todos os antigos combatentes?
Este romance de Carlos Tomé é a história da guerra depois da guerra. A que continua na memória dos sobreviventes. Que às vezes têm de suportar uma estranha espécie de remorso por estarem vivos. Com o espírito atormentado depois da tortura dos combates. Um romance escrito numa linguagem que insinua o drama sem insistir nele. Serena e fluída. Bela e límpida. Um hino à paz e um hosana à Língua Portuguesa."


Morremos Amanhã é uma prova de que a literatura portuguesa, em geral, e a literatura açoriana, em particular, está viva e em bom estado.

A Fórmula de Deus, José Rodrigues dos Santos

Comecei a ler um novo livro: A Fórmula de Deus, escrito pelo jornalista José Rodrigues dos Santos.
Como já tinha lido o Codex 632 e gostei, achei que seria uma boa aposta ler este também, uma vez que tinha algumas das personagens do Codex 632 e porque o "plot" pareceu-me muito interessante.
É "uma história de amor, uma intriga de traição, uma perseguição implacável, uma busca espiritual que nos leva à mais espantosa revelação mística de todos os tempos (...) transporta-nos numa surpreendente viagem até às origens do tempo, à essência do universo e ao sentido da vida."
Ainda estou no início, mas está a ser uma leitura muito agradável de se ter.
Às páginas tantas, encontrei uma passagem muito interessante, provavelmente a primeira de muitas que vou encontrar ao longo do livro.
Estáva a ler numa esplanada, no meu horário de almoço (que hoje foi pelas 14:00, cansada, saturada e, de certa forma, deprimida, quando cheguei a esta parte.
Fez-me pensar!!! Fez-me pensar naquilo que as pessoas perdem tempo precioso da sua vida tão curta.
Passo a citar:

"Sabes, as pessoas passam pela vida como sonâmbulas, preocupam-se com o que não é importante, querem ter dinheiro e notoriedade, invejam os outros e esmifram-se por coisas que não valem a pena. Levam vida sem sentido. Limitam-se a dormir, a comer e a inventar problemas que as mantenham ocupadas. Privilegiam o acessório e esquecem o essencial (...)
Mas o problema é que a morte não é uma abstracção. Em boa verdade, ela está aqui ao virar da esquina. Um dia, estamos nós muito bem a deambular pela rua da vida como sonâmbulos, vem um médico e diz-nos: você pode morrer. E é nesse instante, quando de repente o pesadelo se torna insuportável, que finalmente despertamos."


Dá que pensar, não dá?!

Um pouco mais à frente, as personagens deambulam sobre uma outra temática também ela muito interessante de se falar: a existência de uma alma!

"É o meu corpo. Refiro-me a ele como se dissesse: é a minha televisão, é o meu carro, é a minha caneta. Neste caso, é o meu corpo. É algo que é meu, é uma propriedade minha (...) Mas se eu digo, o corpo é meu, o que estou a dizer é que eu não sou o corpo. O corpo é meu, não sou eu. Então, o que sou eu? (...) Eu sou os meus pensamentos, a minha experiência, os meus sentimentos. Isso sou eu. Eu sou uma consciência (...) Será que a minha consciência, este eu que sou eu, é a alma?"

"(...) Eu sei que sou eu porque tenho memória de mim mesmo, de tudo o que me aconteceu, mesmo o que aconteceu há apenas um segundo. Eu sou a memória de mim mesmo. E onde se localiza a memória? (...) A minha memória encontra-se localizada no cérebro, armazenada em células. Essas células fazem parte do meu corpo.E é aqui que está a questão. Quando o meu corpo morre, as células da memória deixam de ser alimentadas por oxigénio e morrem também. Apaga-se assim toda a minha memória, a lembrança do que eu sou. Se assim é, como raio pode a alma lembrar-se da minha vida? Se a alma não tem átomos, não pode ter células da memória, não é? Por outro lado, as células onde a memória da minha vida se encontrava gravada já morreram. Nessas condições, como é que a alma se lembra do que quer que seja? Não achas tudo isso um pouco sem sentido?"



"(...) A alma (...)não passa de uma invenção, de uma maravilhosa ilusão criada pelo nosso ardente desejo de escaparmos à inevitabilodade da morte."

Profundo. Muito profundo!
Apesar de estar um pensamento, de certa forma, correcto e inteligente, eu prefiro continuar a pensar que a alma existe mesmo e que poderá voltar à terra quando o nosso corpo e a nossa existência morrer.

Leiam. Vale a pena.
A literatura portuguesa está cada vez melhor.

Ilhas de Bruma

Ilhas de Bruma

Autor: José Ferreira





Ainda sinto os pés no terreiro

Onde os meus avós bailavam o pezinho

A bela Aurora e a Sapateia

É que nas veias corre-me basalto negro

E na lembrança vulcões e terramotos





Por isso é que eu sou das ilhas de bruma

Onde as gaivotas vão beijar a terra





Se no olhar trago a dolência das ondas

O olhar é a doçura das lagoas

É que trago a ternura das hortênsias

No coração a ardência das caldeiras.





Por isso é que eu sou das ilhas de bruma

Onde as gaivotas vão beijar a terra





É que nas veias corre-me basalto negro

No coração a ardência das caldeiras

O mar imenso me enche a alma

E tenho verde, tanto verde a indicar-me a esperança.

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