Comecei a ler um novo livro: A Fórmula de Deus, escrito pelo jornalista José Rodrigues dos Santos.
Como já tinha lido o Codex 632 e gostei, achei que seria uma boa aposta ler este também, uma vez que tinha algumas das personagens do Codex 632 e porque o "plot" pareceu-me muito interessante.
É "uma história de amor, uma intriga de traição, uma perseguição implacável, uma busca espiritual que nos leva à mais espantosa revelação mística de todos os tempos (...) transporta-nos numa surpreendente viagem até às origens do tempo, à essência do universo e ao sentido da vida."
Ainda estou no início, mas está a ser uma leitura muito agradável de se ter.
Às páginas tantas, encontrei uma passagem muito interessante, provavelmente a primeira de muitas que vou encontrar ao longo do livro.
Estáva a ler numa esplanada, no meu horário de almoço (que hoje foi pelas 14:00, cansada, saturada e, de certa forma, deprimida, quando cheguei a esta parte.
Fez-me pensar!!! Fez-me pensar naquilo que as pessoas perdem tempo precioso da sua vida tão curta.
Passo a citar:
"Sabes, as pessoas passam pela vida como sonâmbulas, preocupam-se com o que não é importante, querem ter dinheiro e notoriedade, invejam os outros e esmifram-se por coisas que não valem a pena. Levam vida sem sentido. Limitam-se a dormir, a comer e a inventar problemas que as mantenham ocupadas. Privilegiam o acessório e esquecem o essencial (...)
Mas o problema é que a morte não é uma abstracção. Em boa verdade, ela está aqui ao virar da esquina. Um dia, estamos nós muito bem a deambular pela rua da vida como sonâmbulos, vem um médico e diz-nos: você pode morrer. E é nesse instante, quando de repente o pesadelo se torna insuportável, que finalmente despertamos."
Dá que pensar, não dá?!
Um pouco mais à frente, as personagens deambulam sobre uma outra temática também ela muito interessante de se falar: a existência de uma alma!
"É o meu corpo. Refiro-me a ele como se dissesse: é a minha televisão, é o meu carro, é a minha caneta. Neste caso, é o meu corpo. É algo que é meu, é uma propriedade minha (...) Mas se eu digo, o corpo é meu, o que estou a dizer é que eu não sou o corpo. O corpo é meu, não sou eu. Então, o que sou eu? (...) Eu sou os meus pensamentos, a minha experiência, os meus sentimentos. Isso sou eu. Eu sou uma consciência (...) Será que a minha consciência, este eu que sou eu, é a alma?"
"(...) Eu sei que sou eu porque tenho memória de mim mesmo, de tudo o que me aconteceu, mesmo o que aconteceu há apenas um segundo. Eu sou a memória de mim mesmo. E onde se localiza a memória? (...) A minha memória encontra-se localizada no cérebro, armazenada em células. Essas células fazem parte do meu corpo.E é aqui que está a questão. Quando o meu corpo morre, as células da memória deixam de ser alimentadas por oxigénio e morrem também. Apaga-se assim toda a minha memória, a lembrança do que eu sou. Se assim é, como raio pode a alma lembrar-se da minha vida? Se a alma não tem átomos, não pode ter células da memória, não é? Por outro lado, as células onde a memória da minha vida se encontrava gravada já morreram. Nessas condições, como é que a alma se lembra do que quer que seja? Não achas tudo isso um pouco sem sentido?"
"(...) A alma (...)não passa de uma invenção, de uma maravilhosa ilusão criada pelo nosso ardente desejo de escaparmos à inevitabilodade da morte."
Profundo. Muito profundo!
Apesar de estar um pensamento, de certa forma, correcto e inteligente, eu prefiro continuar a pensar que a alma existe mesmo e que poderá voltar à terra quando o nosso corpo e a nossa existência morrer.
Leiam. Vale a pena.
A literatura portuguesa está cada vez melhor.