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The Nameless Blog

Já foi “Som das Letras” e um narcisista “Blogue da Paula”. Foi um prolongamento da eterna ínsula, tendo sido denominado como “Ilha Paula”. Hoje, é um blogue sem nome para que seja aquilo que sempre foi: um blogue sobre tudo e nada.

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Já foi “Som das Letras” e um narcisista “Blogue da Paula”. Foi um prolongamento da eterna ínsula, tendo sido denominado como “Ilha Paula”. Hoje, é um blogue sem nome para que seja aquilo que sempre foi: um blogue sobre tudo e nada.

O Rapto do Senhor Santo Cristo dos Milagres, Jayme Velho


 





O Rapto do Senhor Santo Cristo dos Milagres - Jayme Velho




 




O Rapto do Senhor Santo Cristo dos Milagres, um romance escrito pelo açoriano Jayme Velho, foi-me apresentado aquando da minha última ida à ilha de São Miguel, nos Açores, em Maio último.




Como boa propaganda, a poucos dias das festividades em honra do Senhor Santo Cristo dos Milagres, onde a ilha fica cheia de turistas e emigrantes que regressam à terra natal para cumprir com suas promessas, vi um grande placard a publicitar este livro.




Comentei com o meu amigo Rui Félix e quando fiz os meus 29 aninhos (já eu tinha regressado das minhas mini-férias a casa) recebi este livro como oferta do Rui e da Carol.

Primeiro, fiquei muito sensibilizada com eles os dois que, mesmo estando eu longe, deram-se ao trabalho de me oferecerem aquilo que mais gosto ... um livro.

Acabei de lê-lo à dias! Um pouco aborrecido nas descrições mais técnicas, mas um bom livro.



"Quero raptar a Imagem do Senhor Santo Cristo dos Milagres - disse o Comandante com a tranquilidade assustadora (...) Daquela forma tranquila que revela o muito tempo que a pessoa que a adopta já pensou no assunto a que se está a referir.

- Raptar o Senhor Santo Cristo - perguntou o Doutor com os olhos esbugalhados e vermelhos dos restos do álcool, do fumo e da hora adiantada da noite (...)

- Exactamente.

- Mas isso é uma loucura! Nunca alguém teve coragem sequer de pensar uma coisa dessas e muito menos de a realizar.

- Raptar, não. Mas roubar, sim.

- Quem?

- Verne. Júlio Verne.

- O das ...

- Vinte Mil Léguas Submarinas (...)"



E é com esta ideia inverosímil que o romance se inicia!



Através dos 40 capítulos da obra, apenas a ideia final do romance é fundamental. É o verdadeiro sumo da história e é uma estalada para os açorianos ditos devotos do Senhor Santo Cristo dos Milagres, bem como uma estalada para todos os que se dizem devotos de todos os santos e arcanjos ...




" O Bispo e os restantes eclesiásticos caminham lentos nas suas vestes coloridas (...), pisando, aparentemente indiferentes, as magníficas cores das flores naturais que embelezaram outrora a ilha e que agora cobrem (...) todas as ruas por onde vai passar a procissão. Mais atrás seguem pessoas em devoção máxima que participam no cortejo por promessa e grupos representantes de várias classes sociais e instituições: médicos, advogados, escolas, ordens, políticos, entre outros, caminhando compenetrados nos seu papéis, não alheios ao facto de quem sobre os passeios da cidade de Ponta Delgada ou debruçado sobre as ricas colchas coloridas pendentes de janelas e varandas, todo o povo olha com atenção e estuda o pormenor das presenças, das vestes e das atitudes de todos quantos participam neste desfile (...), observações que servirão de tema de conversa para muitos dias."



"Por duas vezes a serpente sacudiu-se de forma estranha, sem grande ruído aparente e sem que do alto se apercebesse o que se estava a passar. Só quem se encontrasse mais perto e reparasse com atenção para muitos dos participantes de fatos escuros, com ou sem opas vermelhas, podia ver finos fios pretos rastejando pelos seus pescoços até taparem os canais auditivos externos, podendo ainda adivinhar que na outra extremidade do fio, algures nos bolsos das calças ou dos casacos um rádio pequeno transmitia em directo o relato de futebol entre o Benfica e o Futebol Clube do Porto (...)



"A notícia da chegada do Senhor Santo Cristo dos Milagres ao Porto da Caloura no sexto Domingo depois do Domingo de Páscoa correu a ilha como um trilho de pólvora. E o povo começou a chegar de todas as partes da ilha (...) para prestar homenagem ao Senhor. E diziam uns para os outros, com os olhos vermelhos e alagados do choro dos últimos dias: E veio parar à Caloura! Ao Convento da Caloura! Exactamente o mesmo lugar para onde veio a primeira vez, quando foi oferecido pelo Papa Paulo III, no século dezasseis! Louvado seja nosso Senhor, Jesus Cristo! (...)



Os pescadores tinham improvisado um altar no adro da Ermida do Convento da Caloura, para onde transportaram e colocaram a Imagem, da mesma forma como Ela tinha chegado ao porto: sem adornos e tendo como única veste a camisa rota do homem estranho que A tinha acompanhado no mar durante oito dias (...) A camisa rota, singela, sobre os ombros do Senhor, tal como Ele apareceu na varanda de Pilatos, acabado de flagelar. E desta forma sentia-se melhor aquilo que de mais belo a Imagem transmitia: a serenidade do olhar, espírito inatingível, apesar do castigo físico infligido ao corpo, matéria tangível.



(...) Os pescadores que assistiram à chegada da Imagem foram os primeiros a pegar no andor e a iniciarem, no adro da Ermida, a procissão que iria durar horas a fio, sem paragens, até ao Convento da Esperança, em Ponta Delgada.

 

O povo começou a arredar-se para dar passagem à Imagem sobre os ombros de homens e de mulheres que se foram revezando sem conta. Anónimos e conhecidos, agora sem distinção. Ninguém apareceu de fatos caros, nem com sapatos ou mala de marca. Não havia opas vermelhas, nem apareceram os que achavam os relatos de futebol imprescindíveis. Não havia pétalas mortas do chão, mas as flores da ilha participaram vivas nos muros e nos prados verdes por onde o Senhor passou. Não havia grupos de padres, mas haviam padres; nem grupos de médicos, mas haviam médicos; nem grupos de políticos, mas haviam políticos: todos, sem distinção, numa amálgama de fé.



(...) Só deixavam um carreiro central para passar o andor. E olhavam espantados para a Imagem que lhes parecia ainda mais bela assim, na sua singeleza. E constatavam, muitos pela primeira vez, que aquela enorme chaga no peito, que tentavam disfarçar, ainda os fazia amá-La mais.



(...)



De todas as pessoas que viveram de alguma maneira este rapto do Senhor Santo Cristo dos Milagres, nenhuma ofereceu mais, que se saiba, jóias ou outras riquezas materiais ao Senhor. Mas contam os mais chegados à Imagem que não há registos, em memória ou em papel, de que tenha alguma vez existido tanta fé como agora. Daquela que o Senhor aprecia, entenda-se."

 

Para quem já presenciou alguma vez a procissão do Senhor Santo Cristo dos Milagres sabe que é isso que acontece: uma multidão junta-se com a desculpa de ser devota ao Senhor e no fim é exactamente o que Jayme Velho muito bem exprimiu!




 




 

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07 de Julho de 2007 - 777



Sete é o número da vida - a união do ternário (espírito) com o quaternário (matéria); são 7 os espíritos ante o trono de Deus; 7 os sacerdotes da Lei Cósmica; 7 os Senhores do Carma; 7 os ciclos da terra (4 ciclos lunares com duração de 7 dias).

A renovação celular do corpo humano (7 em 7 anos); Os 7 orifícios do rosto humano.

A plenitude, a ordem perfeita.

A medida reguladora da coesão universal: 7 planetas, 7 divindades, 7 metais, 7 notas musicais, 7 cores, 7 dias da semana, 7 chakras, 7 pecados capitais e 7 virtudes que lhe são contrapostas.

A lei da evolução.

A cifra dos adeptos e dos grandes iniciados.





“Esteja onde estiver colocado o saber, ele só é saber, quando estiver na pessoa”.O que não deixa de nos fazer pensar em como as coisas existem antes de as conhecermos, e só passam a fazer parte do nosso conhecimento quando as podemos nomear

O nome, e a sua importância para o conhecimento, para a interiorização do mesmo.



A imagem da Pirâmide Cosmográfica Simbólica encerra, em si, toda a simbologia do Universo, e por inerência, a do sete.

O sete corresponde aos sete dias da semana, aos sete planetas, aos sete graus da perfeição, às sete esferas ou estágios celestes, aos sete ramos da árvore cósmica.

Ele designa a totalidade das ordens planetárias e angélicas, da ordem moral, das energias, particularmente, da ordem espiritual. Simboliza um ciclo completo, uma perfeição dinâmica.

Cada período lunar dura sete dias, e os quatro períodos do ciclo lunar encerram o ciclo.

Universalmente é o símbolo da totalidade do espaço e do tempo.Como tal, o sete é a chave do Apocalipse.

Associando o número quatro, que simboliza a terra , ao número três que simboliza o céu, poder-se-á inferir que o número sete representa uma totalidade em movimento ou um dinamismo total, isto é, a totalidade do universo em movimento.

Contudo, o sete possui também uma carga de ansiedade pelo facto de indicar a passagem do conhecido ao desconhecido, pois tendo-se cumprido um ciclo, desconhece-se qual será o seguinte; apesar de, e de acordo com a cultura egípcia, o sete indicar o sentido de mudança após um ciclo completo conotada, contudo,com uma renovação positiva.