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The Nameless Blog

Já foi “Som das Letras” e um narcisista “Blogue da Paula”. Foi um prolongamento da eterna ínsula, tendo sido denominado como “Ilha Paula”. Hoje, é um blogue sem nome para que seja aquilo que sempre foi: um blogue sobre tudo e nada.

The Nameless Blog

Já foi “Som das Letras” e um narcisista “Blogue da Paula”. Foi um prolongamento da eterna ínsula, tendo sido denominado como “Ilha Paula”. Hoje, é um blogue sem nome para que seja aquilo que sempre foi: um blogue sobre tudo e nada.

Texto de Joao Pereira Coutinho

Este texto que se segue não é meu, mas serve para todos nós reflectirmos... Dá que pensar...



"Para reflectir



Não tenho filhos e tremo só de pensar. Os exemplos que vejo em volta não

aconselham temeridades. Hordas de amigos constituem as respectivas proles e,

apesar da benesse, não levam vidas descansadas. Pelo contrário: estão

invariavelmente mergulhados numa angústia e numa ansiedade de contornos

particularmente patológicos. Percebo porquê. Há cem ou duzentos anos, a vida

dependia do berço, da posição social e da fortuna familiar. Hoje, não. A

criança nasce, não numa família mas numa pista de atletismo, com as

barreiras da praxe: jardim-escola aos três, natação aos quatro, lições de

piano aos cinco, escola aos seis. E um exército de professores explicadores,

educadores e psicólogos, como se a criança fosse um potro de competição.

Eis a ideologia criminosa que se instalou definitivamente nas sociedades

modernas: a vida não é para ser vivida mas construída com sucessos pessoais

e profissionais, uns atrás dos outros, em progressão geométrica para o

infinito. É preciso o emprego de sonho, a casa de sonho, o maridinho de

sonho, os amigos de sonho, as férias de sonho,os restaurantes de sonho. Não

admira que, até 2020, um terço da população mundial esteja a mamar forte no

Prozac. É a velha história da cenoura e do burro: quanto mais temos, mais

queremos. Quanto mais queremos, mais desesperamos. A meritocracia gera uma

insatisfação insaciável que acabará por arrasar o mais leve traço de

humanidade. Não deixa de ser uma lástima. Se as pessoas voltassem a ler os

clássicos, sobretudo Montaigne, saberiam que o fim último da vida não é

a excelência, mas sim a felicidade."



Este homem é um senhor :)