Há já algum tempo que não lia à velocidade que fiz nos últimos dias. As obras que me chegaram às mãos são tão boas, mas tão boas mesmo, que não conseguia parar de ler, mesmo quando o corpo dizia que era altura de descansar. Mas, tendo em conta que agora tenho todo o tempo do mundo (infelizmente), continuava a ler até não conseguir aguentar os olhos abertos.
O primeiro foi A Rapariga Que Roubava Livros, de Markus Zusak; o segundo foi A Menina Que Não Sabia Ler, de John Harding. Em comum, os livros têm apenas a protagonista e o seu amor, por vezes insandecido pelos livros - Liesel, no primeiro, e Florence, no segundo - umas miúdas a passos da adolescência, mas com um carácter e pensamento de adulto, talvez um reflexo do meio que as envolve.
A Rapariga Que Roubava Livros
"Esta história decorre em Molching, um pequeno subúrbio de Munique, em 1939, durante a Segunda Guerra Mundial. Na Rua Himmel, vive-se um dia a dia difícil, a escassez de tudo o que é necessário à vida instala-se e os bombardeamentos são cada vez mais frequentes. Mesmo assim ainda há quem não tenha perdido a capacidade de sonhar. A Morte, a narradora omnioresente, cansada de recolher almas, observa com compaixão e fascínio a estranha natureza dos humanos. Através do seu olhar intemporal, seguimos a história da pequena Liesel e dos seus pais adoptivos: Hans, o píntor acordenista, e Rosa, a mulher cujo rosto revela demasiada dureza. Mas há também o pequeno Rudy, cujo herói é o atleta negro, Jesse Owens, e Max, um desconhecido que um dia veio viver na cave da família Hubermann. Max escreveu e ilustrou livros sobre as páginas pintadas de branco de Mein Kampf para os oferecer a Liesel, a rapariga que não registia a roubá-los e que procurava neles a força para continuar a viver.
Esta história luminosa e deslumbrante, que permanece na memória de todos os que a leem, foi adaptada ao grande ecrã, num filme com o mesmo título, rodado em Berlim pela Twentieth Century Fox, realizado por Brian Percival - galardoado com um Emmy pela realização de espisódios da série Downtown Abbey - e conta com a participação dos actores Geoffrey Rush e Emily Watson."
A Menina Que Não Sabia Ler
"1891. Nova Inglaterra. Numa mansão distante e decadente, onde nada é o que parece, dois irmãos são deixados à mercê de criados e regras diatdas por um tio negligente. A jovem Florence, de apenas 12 anos, passa os dias a tomar conta do seu irmão mais novo Giles e a deambular pelos corredores, numa rotina entediante e desinteressante. Até que, um dia, a menina encontra na mansão um lugar proibido: uma biblioteca fechada e empoeirada, pela qual se apaixona.
Mas naquela casa existem segredos sombrios que não deveriam ser revelados. Porque é que Florence sonha sempre com uma mulher misteriosa que insiste em ameaçar o seu irmão? Que segredo esconde a sua nova preceptora e porque Florence tem dela um medo sobrenatural? E porque é que o seu tio não permite que ela aprenda a ler? Florence precisa de encontrar muitas respostas - sejam elas inventadas ou não, e soluções nem sempre fáceis para proteger Giles, e o seu amor pelos livros, antes que alguém descubra quem ousou abrir as portas daquele mundo literário.
Na tradição de Henry James e Edgar Allan Poe, uma história incrível sobre uma menina e o poder da sua imaginação."
Embora tenha gostado de ambos, dou o primeiro lugar ao A Menina Que Não Sabia Ler.
É mais a minha onda ... o suspense encanta-me; o querer saber o que se vai passar depois de uma ou outra atitude; só mais um capítulo para poder descobrir o que vai na cabeça das personagens. Foram necessárias poucas horas para terminar e acredito que, se o adquirirem, vão adorar.
Se temi Florence, apaixonei-me pela natureza de Liesel. Em A Rapariga Que Roubava Livros, assistimos ao crescimento de Liesel, na companhia dos livros que rouba. Liesel é daquelas meninas que simpatizamos à primeira vista. A sua personagem envolve-nos e vivemos tão intensamente a sua vida, como ela a vive.
Dois livros fantásticos.
Recomendo-os de olhos fechados.