Velhos do Restelo
Já não há mais paciência para ouvir os Velhos do Restelo!
Não sei se será devido à situação actual do país; se é da nossa maneira de ser, mas estamos cada vez mais rezingões e chatos.
Ontem, pelo facto de ser dia de Greve Geral e para não chegar tarde ao emprego, apanhei um táxi no Campo Grande. Nunca fui grande fã de conversas com taxistas mas, devido à minha educação, sorrio e respondo com uns “sim”, “pois é”, “está certo” e o diálogo passa rapidamente para um monólogo.
Ora bem! O meu taxista era monárquico, logo anti esquerda. Nada contra, pelo contrário! Sou uma defensora da liberdade de expressão, da liberdade política, da liberdade sexual, da liberdade educacional. Sou uma defensora da liberdade, ponto. Mas as pessoas devem ter mais atenção no que dizem! Nós não sabemos quem é o nosso interlocutor; nós não sabemos quais os interesses e defesas desta pessoa. Não fosse eu uma pessoa pacata, tinha desancado no homem.
Hoje, dia normal de trabalho e com os transportes públicos em pleno, mais um Velho do Restelo a reclamar para a televisão. Não sei quem lá aparecia, mas parece que a senhora em questão não tinha grandes amores por ele. Iniciou-se com um forte palhaço, passou para uma série de nomes ao homem e à senhora sua mãe e acabou (porque saí a correr do café) com um tão português “vai trabalhar, mas é”.
Nós somos mesmo um povo do caraças! Somos treinadores de bancada, somo políticos de bancada, somos comentadores de bancada.
Irra, que fico fartinha! Um dia destes, dá-me na maluca e compro um bilhete só de ida! Já não há paciência para os Velhos do Restelo.